sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

ADN antigo revela povo nativo americano completamente desconhecido

 
Na língua do povo local, o nome dela significa algo como “menina nascer do sol”, e mesmo que apenas tenha vivido por seis fugazes semanas, já disse mais aos cientistas sobre os nativos americanos do que qualquer outra pessoa.

A “menina nascer do sol” viveu há cerca de 11,500 anos no que é agora conhecido como Alasca, e o seu ADN revela não só a origem da sociedade nativa americana, como lembra o mundo de toda uma população esquecida pela história.

“Não sabíamos da existência desta população“, diz o antropologista Ben Potter. “Seria difícil exagerar a importância destas pessoas recém-reveladas para a nossa compreensão de como antigas populações viveram habitar a América”.

Dá-se como sabido que os primeiros colonos americanos atravessaram o Alasca, a partir da Sibéria, através da Bering Land Bridge, que, já ligou a Ásia à América do Norte – apesar de os cientistas continuarem a debater como é que estes antigos viajantes fizeram a sua jornada.

O que não é tão claro é quem eram estas pessoas, quantos grupos fizeram a viagem e como é que se estabeleceram num novo continente. E é aí que entra a “menina nascer do sol”.

Os seus restos, e os de outra criança conhecida como “menina crepúsculo do amanhecer”, foram encontrados por Potter e outros investigadores num sítio arqueológico chamado Upward Sun River, no Alasca, durante escavações em 2013.

Num novo estudo publicado esta semana na revista Nature, a equipa explica que análises genéticas ao ADN da “menina nascer do sol” mostram que esta pertenceu a um povo esquecido conhecido como os Antigos Beringians, desconhecido da ciência até agora.

Antes disto, havia apenas dois ramos reconhecidos de nativos americanos (referidos como do Norte e do Sul). Mas quando os cientistas sequenciaram o genoma da “menina nascer do sol”, para sua surpresa, não encaixava em nenhum desses povos.

Usando análise genética e modelação demográfica, a equipa concluiu que um único grupo fundador ancestral de grupos nativos americanos separou-se de asiáticos do leste há cerca de 35 mil anos, muito provavelmente algures no nordeste asiático.

Em algum momento, suspeita-se que essas pessoas se terão movido como uma só, numa migração em massa, para a América do Norte, antes – cerca de 15 mil anos – do povo se ter dividido em dois grupos.

Um desses grupos tornou-se nos Antigos Beringians – o outro grupo continha os ancestrais de todos os nativos americanos -, embora ainda seja possível que essa divisão tenha ocorrido antes de a Bering Land Bridge ter sido cruzada. “Conseguimos mostrar que o povo entrou no Alasca há 20,000 anos”, disse o geneticista evolucionário Eske Willerslev da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

“É a primeira vez que que temos provas genómicas diretas de que todos os nativos americanos pode ser rastreada até uma população-fonte, através de um único evento de migração fundacional”.

Inúmeras gerações depois dessa caminhada, a “menina nascer do sol” e a “menina crepúsculo do amanhecer” – que se acredita serem primos em primeiro grau – nasceram numa população isolada na região selvagem do Alasca, durante a era geológica Pleistoceno.

A vida não terá sido fácil, mas a população como um todo durou milhares de anos, antes de eventualmente ser absorvida por outra população de nativos americanos.

Dada a natureza deste campo de pesquisa, é pouco provável que a nova teoria permaneça incontestada por muito tempo. Mas à luz das novas evidências que os investigadores estão a revelar, é claro que os primeiros colonos da América carregavam uma linhagem bem mais diversa do que inicialmente se pensava.

“Esta é a primeira prova da fundação inicial dos povos nativos americanos. É marcadamente mais complexa do que inicialmente pensávamos”, disse Potter.
 
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